Lembro, minha casa velha lá no alto da serra
O fogão a lenha enfumaçado
Minha mãe lá dentro dela
Cozinhava com a panela
De barro amassado
Meu pai já cansado e de enxada na mão
Cultivava a terra
Desbravava o sertão
Transpirava alegria
Labutava dia a dia
Com amor no coração
Meu cachorro de caça na beira da cerca
Olhava o cavalo a andar no pasto
Meu blusão de couro
Minha vida, meu tesouro
O meu próprio eu
Laurauê lauê laiá
Uê laiá lauê laiá
Laurauê lauê laiá
Uê laiá lauê uêraiá
Hoje perdido na cidade grande
Sem direito e sem razão
Oprimido e assustado
Respirando sufocado
Vivendo por condição
Hoje vivendo na cidade grande
Na aparência muito importante
Mas dentro do coração
É a falta da terra
É a saudade do sertão
Laurauê lauê laiá
Uê laiá lauê laiá
Laurauê lauê laiá
Uê laiá lauê uê laiá