Ontem ao Luar
Ontem, ao luar, nós dois em plena solidão
Tu me perguntaste o que era a dor de uma paixão
Nada Respondi! Calmo assim fiquei!
Mas, fitando o azul, do azul do céu
A lua Azul eu te mostrei
Mostrando-a a ti, dos olhos meus correr senti
Uma nívea lágrima e, assim, te respondi:
Fiquei a sorrir, por ter o prazer
De ver a lágrima nos olhos a sofrer
A dor da paixão não tem explicação
Como definir o que só sei sentir
É mister sofrer, para se saber
O que no peito o coração não quer dizer
Pergunta ao luar, travesso e tão taful
De noite a chorar na onda toda azul
Pergunta ao luar, do mar à canção
Qual o mistério que há na dor de uma paixão
Se tu desejas saber o que é o amor
Sentir o seu calor
O amaríssimo travor do seu dulçor
Sobe o monte à beira mar, ao luar
Ouve a onda sobre a areia a lacrimar
Ouve o silêncio a falar na solidão
De um calado coração, a penar
A derramar, os prantos seus!
Ouve o choro perenal, a dor silente, universal
E a dor maior que é a dor de DEUS
Se tu queres mais saber a fonte dos meus ais,
Põe o ouvido aqui na rósea flor do coração
Ouve a inquietação da merencória pulsação.
Busca saber qual a razão
Por que ele vive, assim, tão triste, a suspirar.
A palpitar em desesperação
A teimar de amar um insensível coração
Que a ninguém dirá no peito ingrato em que ele está
Mas que ao sepulcro, fatalmente, o levará.