Caminhando entre veredas de corpos
Eu me aperto, eu me sufoco
Um cheiro de carne me cerca
Dentro de um matadouro chamado cela
Encarcerado, trancafiado, febre, indignação
Me trancaram no inferno que era pra ser meu lar de recuperação
Um molho de chaves me deixa de molho entre as grades
Esqueceram de mim
Me deixam de molho, me deixam no balde, me deixam
Eu perdi o fio da meada, Juventude transviada
Pouco a pouco o ódio vem tomando conta de mim
Aqui estou eu dentro na minha gaiola
Como um coelho dentro da cartola
Sem mágico pra me salvar
O medo e a raiva
A vingança engatilhada
A fome de rebelião, Ninguém vem me tirar
Algemas apertadas
Pescoço na navalha
Na beira do precipicio, Ninguém vem me tirar
A respiração sufocada
A tarja na cara
A voz alterada, Ninguém vem me tirar
Mas na manga resta uma carta
É falta na área
O jogo vai virar
Cavando o túnel com a colher
Serrando a grade com lixa de unha
Mas não adianta, fui eu que tranquei a grade
E quebrei a chave na fechadura