Sertão bruto, beleza agreste
Flores silvestres com cores do céu
No maciço a aurora se expande
Coberta de ouro do sol que nasceu
E o pincel de um pintor invisível
Desliza suas tintas da inspiração
Pintando a policromia
De um raiar do dia no imenso sertão
O espírito de um boiadeiro
Galopa ligeiro em um alazão
Misterioso toque de berrante
Ecoa distante por todo o sertão
E a boiada também invisível
Que vive apenas na imaginação
Acompanha gritos e berrantes
Do espírito errante de seu alazão
Até hoje o povo comenta
Por que a poeira sobe lá do chão
Se ninguém está vendo a boiada
Quando a alvorada rompe no sertão
Só as aves de um cavaleiro
Que foi boiadeiro e antigo peão
Que vagueia sertão adiante
Tocando o berrante em seu alazão
("É o espírito de um boiadeiro
Que morreu amando a sua profissão")