Tenho impressa no meu rosto
E no peito, no lado oposto ao direito, uma saudade
(Que saudade)
Sensação de na verdade
Não ter sido nem metade
Daquilo que você sonhou
(Que sonhou)
São caminhos, são esquemas
Descaminhos e problemas
É o rochedo contra o mar
É isso aí, ê Irajá
Meu samba é a única coisa que eu posso te dar
É isso aí, ê Irajá
Meu samba é a única coisa que eu posso te dar
Saudade veio à sombra da mangueira
Sentou na espreguiçadeira
E pegou no violão
Cantou a moda do caranguejo
Me estendeu a mão prum beijo
E me deu opinião
(Opinião, opinião)
Depois tomou um gole de abrideira
Foi sumindo na poeira
Para nunca mais voltar
É isso aí, ê Irajá
Meu samba é a única coisa que eu posso te dar
É isso aí, ê Irajá
Meu samba é a única coisa que eu posso te dar
Não foi ela, foi a saudade que bateu
Foi aquela velha emoção que renasceu
Foi a vida e seus muitos enganos
Que depois de tantos anos
Fez ela se indignar, me procurar
Foi o rio, sempre correndo para o mar
Foi o frio que fez seu corpo arrepiar
Na saudade das noites de outrora
Onde o vento lá de fora
Aqui dentro é o calor de um grande amor
Só agora é que teve a certeza
Que entre receita e despesa
O saldo foi devedor
Só agora é que teve a certeza
Que entre receita e despesa
O saldo foi devedor
Nunca se deve pesar
Com a mesma medida
Dois pesos de vida desiguais
Muito melhor é lutar, do que viver deitado
Num berço dourado na mais santa paz
Foi por isso que ela agora
Sentindo o frio lá fora
Bateu na minha janela
Sem saber que a vida incerta
Conservou minha porta aberta
Sempre esperando por ela (só por ela)
Sem saber que a vida incerta
Conservou minha porta aberta
Sempre esperando por ela