declamado:
(“Aquele pobre lixeiro de uma vila do interior
Mandava seu dinheirinho ganho com sangue e suor
Para seu filho estudar e um dia ser um doutor
Depois de vinte e seis anos viu seu sonho realizado
Em São Paulo, seu filhinho se formou pra advogado
Partiu o velhinho pra ver seu filho ser diplomado
Na hora da formatura o velhinho apareceu
O doutor vendo seu pai fez que não conheceu
Estas palavras do filho pro velho, quanto doeu
- (Vai embora velho maldito, se o povo te ver assim
Cabeludo e mau vestido vai ficar feio pra mim)
Chorando o velho saiu sabendo que era seu filho”)
Pelas ruas da cidade sem destino
A chorar o pobre velho se perdeu
Todas as portas se fecharam para ele
Mendigando viu findar o dia seu
E um dia num desastre na avenida
O velhinho acabou de padecer
Apanhado pelo bonde, ensangüentado
Sobre os trilhos acabava de morrer
No momento da agonia ainda disse
Num sorriso encobrindo a própria dor
Deixo a vida satisfeito porque pude
Assistir o meu filhinho ser doutor
Lutei tanto pra estudar esse meu filho
Minhas mãos cheias de calo é o que diz
- E se agora atrapalho a sua vida
Quero a morte para ele ser feliz
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)