Sobre as margens da Belém-Brasília
Defrontando com uma cidade
Existia um grande restaurante
Pioneiro por antiguidade
Era ali bastante frequentado
Por pessoas da localidade
Os ricaços com suas madames
Naquele ambiente sentia à vontade
Desprezava o freguês passageiro
Porque o traje de um estradeiro
Faz vergonha para a sociedade
Numa tarde chegou um viajante
Com poeira por cima da gola
Ocupando uma mesa num canto
E no chão colocou uma sacola
Garçonete lhe trouxe um sortido
Mas pediu para logo ir embora
Veio o dono e também foi dizendo
Até pra fazer caridade tem hora
A comida não lhe custa nada
Mas lhe peço meu bom camarada
Pegue o prato e saia pra fora
Disse o moço para a garçonete
Pois não sabe do sangue que puxo
Sou paulista e moro distante
Mas por isso não pense que é mucho
A mulher quando é mal criada
Eu costumo a chamar de bucho
Sendo feia e bem educada
Eu deixo bonita às custas de luxo
Quando é feia e se põe superior
É uma caça que não tem valor
Não compensa queimar o cartucho
O senhor considera ser rico
Pelo grande estabelecimento
Mas eu compro de portas fechadas
Pago à vista sobre os documentos
Veja lá quanto vale isso tudo
Vou mostrar que a palavra eu sustento
Se alguém estiver duvidando
E no caso pensando que é convencimento
Pelos bancos que sou cadastrado
Eu lhe pago com cheque visado
O que faço menor movimento
O meu ramo exclusivo é gado
Compro e vendo em grande seleção
Também tenho diversas fazendas
E trabalho com reprodução
O mais lindo gado do Brasil
Lhe garanto que está em minhas mãos
Se quiser me encontrar em Barretos
Faça uma visita na festa do peão
O importante é guardar na lembrança
Pois pergunte até pras crianças
Pelo rei da exposição