Num galho seco vi pousar um passarinho
Aos seus filhinhos vem cantar uma canção
Um vagabundo que andava sempre em festa
Corre depressa vem armar um alçapão
O passarinho descuidado vem baixando
Para pegar aquele alpiste que é seu pão
E vem descendo tão alegre tão contente
Mas de repente solta um grito na prisão
E o vagabundo solta então uma gargalhada
Apaixonada sem ter perdão
E o pobre passarinho prisioneiro
No seu puleiro nunca mais torna a cantar
Quando amanhece ele fica tão aflito
Ouvindo os gritos dos seus filhos muito além
Quer sair mas as paredes lhe seguram
Oh! Que amargura para um coração de mãe
Vai se batendo na gaiola como um louco
E pouco a pouco vai ficando depenado
Quebra as asas deixa o peito em ferida
Quase sem vida cai no chão ensanguentado
Quase sem vida ainda diz o passarinho
Vem assassino dos meus filhos me soltar
Que Deus lhe deu por casa a floresta
Que sempre em festa eu tive o céu para voar
Adeus filhinhos da minha vida pouco resta
Adeus floresta onde aprendi a cantar
Aquele monstro que roubou minha alegria
Talvez um dia ele não torne a gargalhar
E o vagabundo corre então a abrir a porta
Mas ela morta não pôde voar
E o pobre passarinho prisioneiro
No seu poleiro nunca mais torna a cantar