A pampa tem jeito de fêmea
Na hora em que abraça seus filhos
Na hora em que gera em seu ventre
Lavouras de paz e de milho
A pampa tem jeito de fêmea
Que encanta em algum bem-me-quer
No amor ou nas dores extremas
A pampa se mostra mulher
Mulher tem um jeito de pampa
Na hora em que abraça lonjuras
Na hora em que tem esperança
Debaixo de nuvens escuras
Não morre de amor e saudade
Tropeça mas logo levanta
Lutando pra ter igualdade
Mulher mostra a alma da pampa
Mulheres e pampa são gêmeas
Estrofes da mesma canção
Histórias e sinas de fêmeas
Forjadas num só coração
Mulheres e pampa são gêmeas
Fartura de vida e de grãos
Clareando seus olhos serenos
Brotando na alma e nas mãos!
A pampa tem jeito de fêmea
Se ampara suas baixas no colo
Num palco de dores e penas
Replanta seus filhos no solo
Soluça, mas nunca se entrega
Pois sabe mirar mais além
E vê, bem depois dessas trevas
A luz de outro filho que vem
Mulher tem um jeito de pampa
Na hora cruel de pelear
Sua alma tem força de terra
De fogo, de água e de ar
Mulheres e pampa, destinos
Timbrados de fé e amplidão
Doçura pras mãos de carinho
Bravura pras mãos de opressão!