SONHO DE UM CAMINHONEIRO
(Chico Valente/Nil Bernardes)
Eram dois amigos inseparáveis
Lutando pela vida e o pão
Levando um sonho de cidade em cidade
De serem donos do seu caminhão
Com muita luta e sacrifício
Para pagar em dia a prestação
Se realizava o sonho finalmente
O empregado passa a ser patrão
Suas viagens eram intermináveis
De cansaço, de poeira e chão
E um dos amigos, o recém-casado
Ia ser pai do primeiro varão
Com alegria vinham pela estrada
Não vendo a hora de chegar
E o caminhoneiro disse ao amigo
Vou lhe dar meu filho para batizar
Mas o destino cruel e traiçoeiro
Marcou a hora e o lugar
A chuva fina e a pista molhada
Com uma carreta foram se chocar
Mas como todos tem a sua sina
Um a morte não levou
E o agonizante nos braços do amigo disse
Vá conhecer meu filho, porque eu não vou
Naquela curva à beira da estrada
Uma cruz ao lado do pinheiro
Marca pra sempre onde foi ceifada
A vida e o sonho de um caminhoneiro
Com a morte do companheiro a saudade vai chegar
Aqueles bons e velhos tempos, nunca mais irão voltar
Mas o destino cruel e traiçoeiro
Marcou a hora e o lugar
A chuva fina e a pista molhada
Com uma carreta foram se chocar
Mas como todos tem a sua sina
Um a morte não levou
E o agonizante nos braços do amigo disse
Vá conhecer meu filho, porque eu não vou