O vento soprava no seio da mata no sertão de Camburí,
E o grande espírito anunciava um novo milênio.
Vindo lá do outro lado do ocêano,
O alabê chega na pequena aldeia de pescadores em São
Sebastião.
E só depois de ter sido iniciado pelo seu amigo
pescador,
Ele teve consciência da grandeza do mito.
Após recupera-se da longa viagem,
Partiu para a floresta que outrora fora habitada por
bravos guerreiros,
Tupiniquins e tupinambás.
E o senhor das matas completa o ensinamento.
Na ânsia de encontrar aquilo que procurava,
O guerreiro percebeu na intensidade do verde,
Na beleza das flores, na pureza das nascentes,
O verdadeiro sentido da vida e da morte.
Abraçado ao tronco da grande árvore
Chorou esperando a noite chegar.
Envolta da fogueira para aquecer do frio,
Ele cantou e dançou a dança da criação.
Mas só com a chegada do sol, teve início ao ritual.
E tudo ganhou formas no universo: A terra, as plantas,
os animais, os rios e o mar?
E da lámina afiada no cáule do guapuruvú, nasceu a
Marintambocanoa.
E com seus tambores de embaúba e bambú,
Fez ecoar na imensidão do mundo a magia do som.
Eternizando o símbolo da canoa no encantamento da
música?