Ele pediu para apagar e nunca mais acender
desde quando abriu seus olhos as coisas pareciam mais
difícil de se entender
Martirizava se por não dominar o dom de viver
Certas coisas para ele simplesmente fugiam a lógica de
seu coração
Que por sua vez contradizia todos a volta
Se debatia tão forte por dentro que por vezes quase
deixava transparecer por fora
O que o tornava inseguro e estupidamente arrogante
Ele viu suas lembranças o estilhaçar
Todos os dias lutava em vão para se desapegar
Mas o único modo que viu
Para transformar o abstrato em concreto
era se apegar a uma atitude drástica e tão radical
Ao ponto de tornar impossível o fato de concertar o
que viria a ser um erro para
Uma sociedade filha da puta que sabia apenas rir e
julgar uma dor que não lhe pertencia
Então o que representava medo nas televisões e jornais
passou a representar coragem para um caminho sem volta
...
Dos últimos dias até aqui ele passou a ver a velha
pistola escondida em cima do armário
Como a chave do que passou a ser a sua prisão diante
do surgimento diário do sol
Ele se sentia tão preso ao corpo pois considerava
apenas um baú de lembranças ruins
Condicionado a nascer sofrer morrer.
Sua revolta era amarga ao entender de corações
Mas lógica ao entender da mente que sempre funcionara
como um computador
Calculando e convertendo cada atitude e palavra aléia
em prol de uma melhor reação
Para si mesmo...
Ele berrou
Mas o ser perfeito parecia surdo dentro de sua cabeça
-Deus seria eu indigno do teu reino em acabar com algo
que apenas espera um final ?
Ele nunca tivera medo da dor pois ela não chegava a os
pés do tormento que representava seu rancor.
-você é insuportável
-como se você fosse suportável para mim
-você deveria ter morrido , você se quer deveria ter
nascido !
-eu não pedi para nascer pro inferno você !
Bateu a porta e precisava olhar nos olhos da única que
o confortava
Sentou-se esboçou um sorriso , mas logo chorou no colo
dela
-eu te amo estou aqui !
-eu não agüento mais
- e eu não represento algo para você?
-desculpa !
-volta aqui !
Encontrou a casa vazia
Abriu todas as bebidas sagradas do armário
E chapou seu corpo de álcool
E encharcou seu espírito de coragem
Talhou o dedo
Rabiscou as paredes com sangue
Puxou o gatilho e tudo que parecia tão simples
Agora é irreallidade.
-eu faria tudo para concertar o que quebrei nele.
Mas agora é tarde .