A vida tem seus caminhos
De constantes incertezas
Repletas de estreitas curvas
Até que meu olhar turva
Denunciando estas tristezas
Navegar nos rios do peito
Pra encontrar dentro de mim
O porquê de pescar sonhos
Nesses mares tão tristonhos
Que parecem não ter fim
Diz a lenda do sem fim
Que a noite finda mais pobre
Sem luar na madrugada
E o barqueiro na cruzada
Troca a alma por dois cobres
Quando a esperança se esvai
Eu perco o rumo do norte
Pois meus olhos não têm luz
E o barqueiro me conduz
Nos descaminhos da morte
Pra os que perderam o brilho
O barqueiro estende a mão
Encerrando algum viver
Pois prefiro então morrer
Que entregar-me à solidão
Esse é o tal preço da vida
Pra quem encerra a existência
Tem que pagar um valor
Pra o barqueiro-condutor
Remar nos charcos da ausência