RELICÁRIO
Sem pudor fiz da dor um porto além do cais
Fiz do tempo um portão pros carnavais
Fui mais que eu
Mesmo ateu eu compus orações
Com a rima dos ais
Com a fina flor das mãos
Tudo inventei
Já bebi todo o mel do melhor do amor
E eis-me aqui demasiado humano
Um deus do arcano chão
Fui no mundo o inaugurador
Um grão da ilusão
Um anjo do irreal
Real desvão
Novas glórias vão desabrochar
Triunfos de ouro no vão
A nova estação
O Eterno será
E é preciso errar pelos rios
Nas margens do nunca, aportar
E a nova estação se revelará