Todos nós sonhamos
Com aquele belo dia
Que virá com a ventania
Que sobrou dos temporais.
Todos nós esperamos
Pela tarde enluarada
Do passeio na calçada
Nos dias sempre iguais
Todos nós nos entreolhamos
Quando vazam os segredos
Que sustentam os nossos medos
Os instintos são eternos
Todos nós nos calamos
Quando a alma está com fome
E a tristeza nos consome
Pelos quartos dos infernos
Todos nós queremos
Quando nos sentimos sós
Quando nos falha a voz
E não sabemos aonde ir
Todos nós sempre choramos
Quando se fecha a porta
Quando nada mais importa
Porque é hora de partir
E somos uns ciganos
Correndo atrás da vida
Lambendo a ferida
Da solidão voraz
Humanos imperfeitos
Misturamos as histórias
Simulamos as memórias
Inventamos nossa paz