Somos filhos dessa guerra,
a vergonha da nação.
Nós viemos pra essa terra
em busca de ilusão.
As antenas na favela
proclamam a certeza
de que a vida aqui é muito bela,
que é tudo realeza.
A pinga do boteco
transforma a patroa em princesa
Minha menina está na rua,
meu menino nos faróis,
minha patroa ganha a vida
enrolada em lençóis.
E eu vivo pela rua
sem ter o que fazer,
se não consigo um emprego
meu trabalho é beber,
até dou minhas voltinhas
enquanto o vizinho não vê.
E nas horas vagas
quebro qualquer regra,
descolo uma grana,
dou um grampo na galera.
Eu não gosto de Blues...
eu sou do pagode,
até tenho os meus vícios,
cada um vive como pode,
já fui pego meu irmão,
mas não sou eu quem está na prisão