Gosto de alguém que mora na rua aonde moro
Somos vizinhos e ela não me conhece
Talvez não saiba que eu a vejo toda noite
Pelo vitrô quando o seu vulto aparece
A projeção do abajur da sua mesa
Traz sua sombra no vitrô qual uma tela
Eu assistindo toda noite aquela cena
Ela não sabe que eu estou pesnado nela
Pobre de mim que não pude reconhecer
Essa distância que sempre nos separou
Agora sei que ela não sabe que eu existo
Mas continuo a ser seu admirador
A diferença que existe entre nós dois
É que ela tem um palacete bem montado
Mas compreendo só porque a minha casa
Sei que não passa de um barraco improvisado
Não sei porquê fui desejar o impossível
Sou jardineiro que vive de sentinela
E no portão de sua casa quando eu venho
Todas as tardes deixo uma rosa pra ela