Abre a porta, meu bem, abre a porta
Abre a porta eu estou chegando agora
Vim amarrado pelo laço da saudade
E apertando este meu burrão na espora
Saí de casa pra levar uma boiada
Sou um peão, preciso sobreviver
E viajando de quebrada em quebrada
Apaixonado, muito tempo sem te ver
Parei o gado em um ponto de pousada
A solidão fez minha voz emudecer
Deitei na rede admirando a luz da Lua
Perdi o sono com saudade de você
Abre a porta, meu bem, abre a porta
Os passarinhos me fizeram serenata
E as estrelas vigiaram a boiada
O urutau que gritava bem distante
Representava um peão na arribada
Os curiangos cantaram a noite inteira
Me convidando pra pôr o gado na estrada
E o sereno que molhava o meu rosto
Era o céu chorando de madrugada
Abre a porta, meu bem, abre a porta
Eu encontrei muitas flores no caminho
Nem a boiada, nem a tropa não pisou
Aquelas rosas perfumadas que eu via
Era o desejo de te amar, meu grande amor
Estou de volta, mandei a saudade embora
Um boiadeiro sempre é um bom laçador
Trouxe pra mim um punhado de cansaço
E pra você um lindo buquê de flor
Abre a porta, meu bem, abre a porta
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)