Toda vez que eu viajava pela estrada de ouro fino
De longe eu avistava a figura de um menino
Que corria abrir a porteira, e depois vinha me pedindo
Toque o berrante seu moço que é pra eu ficar ouvindo...
Quando a moiada passava e poeira ia abaixando
Eu jogava uma moeda e ele saia pulando
Obrigado boiadeiro que Deus vale acompanhando
Prá aquele sertão a fora meu berrante ia tocando...
No caminho desta vida muitos espinho eu encontrei
Mais nenhum calou mais fundo do que eu passei
Na minha viagem de volta qualquer coisa eu cismei
Vendo a porteira fechada o menino não avistei
Apiei do meu cavalo num ranchinho beira chão
Vi uma mulher chorando quiz saber qual a razão
Boiadeiro veio tarde veja a cruz no estradão
Quem matou o meu filhinho foi um boi sem coração
La prás banda de ouro fino levando gado selvagem
Quando passo na porteira até vejo a sua imagem
Seu rangido tão triste mas parece mais uma mensagem
Daquele rosto trigueiro desejando-me boa viagem
A cruzinha do pensamento não saí
Eu já fiz um juramento que não esqueço jamais
Nem que o meu gado estoure que eu preciso ir atrás
Nesse pedaço de chão berrante eu não toco mais...