Podia ser um som 'pras' tops daquelas de instagram
Que tem corpo bonito mas tem a mente vã
Linda, daquelas que encantam qualquer rapaz
Que tem várias curtidas e músicas demais
Mas esse som é 'praquela' singela
Que é magra, mas nunca sonhou com passarela
Ser atriz de novela ou a mais cobiçada
Sozinha no seu canto varando a madrugada
Isolada limita-se a poucas amizades
Não liga pra nenhum padrão dessa sociedade
Não tem roupa de marca
Não liga pra etiqueta
O cabelo é vermelho sangue
A unha é preta
Se fecha no seu mundo, seus sonhos, crendices
De Chico a Renato, Beatriz e Clarice
Uns chamam de loucura, outros de depressão
Talvez ela só 'teja' cansada desse mundão
De tanta podridão, carência e vaidade
É muita decadência pra uma só cidade
Pessoas dupla face, judas, Orfeu
Beleza vai com tempo e ela já percebeu
Batom, esmalte, sombra, calma
Maquiagem cobre o rosto, mas não esconde a alma
Tanto copo vazio, tanta mente vazia
É tanta vaidade do centro a periferia
Garotas semi-nuas, pra cima, pra cima
Curtidas no face pra aumentar a auto estima
A rua cospe pessoas, pra lá e pra ca
E ela tem certeza que não é desse lugar
Tanta mente vulgar quem diria
A gente observa tantos trocando amor por putaria
E ela vai, em meio a multidão, sozinha
Buscando um refugio em algum livro que ela tinha
Ou um super herói que a socorra
E a tire urgentemente de dentro dessa Sodoma e Gomorra
Corra menina, se não o mundo te detona
Garotas pernas grossas transbordam testosterona
Se aplicam Pra ser igual aquela da Tv
Parece o fim dos dias so a gente que não vê
Gorda, magra, bonita, feia
Quem é a presa e quem é aranha nessa teia?
Humano, não dando vida, decepção
A cama sempre foi seu templo de reflexão
qual é minha missão?
O quê que eu tô fazendo aqui?
Que decisão tomar?
Qual caminho eu devo ir?
Ela olha pras estrelas no infinito
É tanta alma feia, dentro de cada corpo bonito
Corra menina, corra... O mundo é malvado
Te isola mesmo com tanta gente do teu lado
Em cada passo em busca da felicidade
De ser amada pelo que é de verdade
Não se enquadra nesses padrões atuais
Ou será que a gente que é normal demais?
Se veste igual, fala igual, beleza
A gente é feliz ou só camufla tristeza?
Avareza, aparência, vergonha
Uns querem Éden, mas cultivam babilônia
Ser diferente do montão te incomoda
E pra ser visto tem que seguir a moda
O som, o cabelo, o estilo
O pecado tá a venda e aqui a gente só compra de quilo
Ela quer um grande amor sem ilusão
também tem sentimento
Em meio a toda essa confusão
Caminha entre o céu e o inferno
E já virou rotina a briga com o seu demônio interno
Feliz, triste luta diária
Ela vai peregrina solitária
Ela vai peregrina solitária