A pequena cidade do passado
De onde eu venho o sol se pôs pra sempre, e não há
flores e não há jardins. O meu filho esperou por
tempos pra que eu lhe desse algo que comer. E a cada
dia a fraqueza nos toma e a morte dança o requiem
nosso. E ainda há sonhos, mas também pesadelos e o meu pequeno não resistiu.
O último amor que eu tive, a lágrima, a última dor, me
encheu toda alma de ódio, da morte esqueci o pavor. Me
fez despachar as famílias que a fome mantinha ali, os
fracos morreram queimados e logo eu traria meu fim.
Fiz um caixão com a madeira podre, descansei meu filho
para todo o sempre, lhe deixei a foto da falecida mãe
pra que a encontrasse no além do céu...