Depois de anos de melancolia, eu vim rever o meu torrão querido
Angustiado e cheio de saudade, eu vim buscar o que havia perdido
Aos quinze anos eu deixei meu rancho; fui procurar a sorte mundo afora
Disse a meus pais e meus irmãos, em pranto: “Eu não nasci para viver na roça!”
Barriga verde e cego de ambição, em pouco tempo tive que aprender
A pôr na mesa o meu próprio pão; trabalhar duro pra sobreviver...
Obstinado em possuir riqueza, fui garimpar pras bandas de Goiás
E do recanto em Tangará da Serra, meu coração nem se lembrava mais
Mas o Destino é severo e justo: não perdoou a minha ingratidão...
Todos os amigos, que ouro me trouxe, por interesse me dava atenção
Anos e anos exposto ao mercúrio, que além de poluir o riachão,
Impôs um preço por todo o tesouro: minha saúde, minha disposição!
Desenganado pela medicina, o meu dinheiro de nada valeu
Então, voltei ao rancho dos meus pais, e uma notícia me surpreendeu...
Minha mãezinha abraçou-me, chorando: “Filho, seu pai não tá mais entre nós!
Por muito tempo ficou te esperando, mas a velhice calou sua voz...
- Minha mãezinha eu te peço desculpa, pois sei que muito eu te fiz sofrer...
Só rogo a Deus que te guarde e te ajude, porque muito em breve meu pai eu vou ver...