Sou filho de caboclo
Eu moro no sertão
Num rancho beira chão
Que fiz pra mim viver
E quando chega a madrugada
Escuto a passarada
Cantando até o amanhecer
O dia vem surgindo
No pasto o gado berra
Os canários da terra
Começam redobrar
Eu me levanto espreguiçando
Na vida matutando
E vou pra roça trabalhar
A tardinha divina
Eu deixo o meu roçado
Ouvindo o piado
De um nhambu chitã
O sol que morre no poente
Renasce novamente
Trazendo a luz de outra manhã
A noite os vaga-lumes
Circulam a campina
Beijando a neblina
Da tarde que passou
Quem não contempla a natureza
Desconhece a beleza
Que Deus, o nosso Pai, criou
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)