Naquela tarde, desabou um tempo
Que inundou os campos e afogou canhadas
E na coxilha a boiguaçu comia
Olhos de animais que tinham luz guardada
Até o fogo se esvaiu vencido
Quando a escuridão adormeceu as casas
Na longa noite da querência antiga
Um silêncio morto, a velar as brasas
Bola de fogo campo a fora
Corre mas não queima nada
Cuida teus olhos que ela volta
Cobra de fogo é m' boitatá
Se no verão, nas noites de mormaço
Boitatá surgir, de novo, enrodilhada
Jogue teu laço que o ferro da argola
Vai trazer de arrasto a cobra amaldiçoada
Campeiro amigo, não é só uma lenda
O que simões contava aos homens do passado
A boitatá é cobra transparente
E hoje, de repente, surge ao teu lado