O Sol se pôe longe daqui
O mundo deixa de existir
E com o anoitecer, a ameaça
Toda fragilidade
Sua e da sua cidade
Vem à tona para te lembrar o que pensa... Sabe lá
Todos os dias têm uma hora em que
Cai o horizonte e você cai em si
Da fragilidade, sempre por um fio
Com a noite que vai chegar
E o fim do dia
Te persegue com má notícia
Deixando no seu rastro a insegurança
De se sentir como só mais um
Sem nome, só mais um número
Perdido bem no meio de indiferença... Sabe lá
Parece distante, remoto talvez
Mas um dia você terá a sua vez
O sonho se vai, assim como a fé, num simples apagar
Toda fragilidade
O temor não é só seu
Tudo na vida passa
E se não passa, passa a ser
O reflexo da cidade
No olhar de quem sofreu
Marcado para sempre
E o número passa ser o seu
Mas ainda há luz o suficiente pra ver
O contorno da dor rondando você
Da fragilidade, de como está só
Esperando a manhã chegar
Remota possibilidade
Sem cor, sem rosto ou idade
O próximo número pode ser o seu
A expressão no seu rosto
De ter sentido o gosto
Só pra lhe ser arrancado sem pedir licença