Eu percebi que o que eu faço é poesia/
Quando numa tarde clara fui analisar/
Cada palavra, cada verso, cada linha/
Cada parte de arte minha a sintetizar/
Vários momentos de uma vida desmedida/
Desprendida, mal dormida entre sonhos e sono/
Que resumia, porque aquele gato mia/
E porque aquele cão vivia sem corrente e sem dono/
E porque hoje as pessoas nunca têm/
Nessa busca incansável pelo inalcançável/
Onde os segundos valem notas de cem/
Mas que tem destino certo, como um copo descartável/
Todo mundo tá sempre atrasado, estressado/
É claro!Eu já tinha que ta lá/
Mas ninguém percebe que isso tá errado/
Você já se perguntou aonde quer chegar?/
Nesse mundo aonde o mais puro vem sumindo/
E o futuro refletindo é cada vez mais incerto/
Eu não sei eu vou deixar um lago lindo/
Ou um deserto sem água e natureza pro meu neto/
Que alias nem existe, eu não tenho firmeza/
Nem clareza pra falar do meu destino/
Nem dinheiro pra botar arroz na mesa/
E nem certeza se o neném vai ser menina ou menino/
Pro gato eu dou leite, deixo ele fugir/
Arranjo um bom dono pro cachorro/
Eu nunca vou esquecer do dia em que nasci/
Mas nunca vou querer saber em qual eu morro/
E as pessoas estressadas, sei que um dia vão achar/
Depressão, pressão alta e azia/
Eu por minha vez já até tentei imitar/
Mas percebi que nasci pra poesia/
Cantar fez aumentar minha percepção/
Pois me faz entender e me anestesia/
A toda inveja, descrença e decepção/
Interrompe minha lagrima e me afoga na poesia/
E me traz paz, mas sem juros ou prestação/
Como a visão do céu ou a brisa da maresia/
Se é pra trazer prazer ou pra fazer contestação/
Canção é munição pra destruir hipocrisia/?