Mãe ausente fostes para com teu filho
Mas que culpa pra castigo merecer?
Por sotaque qual não soa bonito?
Ou minha pele pelo sol escurecer?
Fui culpado por ser do interior?
Ou gostar de xique-xique e muçambê?
Pelas vestes ou andar de alpercata?
Ou feição não agradável a você?
Por anos não me deste morada
Nem farinha nem de água me valia
E o penhor dessa igualdade que falavam
Por aqui não se via e nem se lia
Será que foi culpa de Virgulino
Que as costas destes e nem me viu?
Pois a pobreza aqui gritava por teu nome
E nem de longe olhavas pra mim Brasil
Acho que foi por gostar de vaquejada
Ou rezar pra Padim e Damião?
Ou andar a Juazeiro em romaria?
Ou vergonha da caatinga do sertão?
O tempo se passou e eu cresci
E por Luiz Inácio foi que tu me viu
E hoje reconheces o meu nome
Muito prazer, Sou nordeste mãe Brasil!
Sou Nordeste sou cabra da peste
Asa Branca o meu canto uma prece
Sou filho do sol, do sertão
Litoral e agreste