No século Xxi sou só um sem ninguém a me conduzir
Desgarrei contramão da boiada
Aboiei meu lamento futuro
Nas lembranças de um tempo remoto em que eu me achava seguro; sou mais um
No século Xxi sou mais um. Não sou mais mas vou por aí
Astronauta liberto na terra
Pé no chão e cabeça na lua
Um andróide de carne e desejo, de pão e poesia na rua. Sou só um
Entrei num beco sem saída, sem porteira nem tramela
Assistindo a imagens distorcidas, olhos estarrecidos na tela
Voltei, pé no chão, alma nua, coração
O que passou tá guardado, o futuro a qual deus pertence?
O futuro não chega de presente
Presente? Muito obrigado, o instante é o que se sente
Antes que tudo acabe, de repente
? De repente o que me chega nem chega a ser uma estatística, somos seis bilhões de solitários! Seis bilhões de estrelas ofuscadas não formam uma constelação, famílias unidas em frente a Tv, outros no quarto em salas de bate papo, fones de ouvido, todos estão surdos, escute essa canção ou qualquer bobagem! Tudo consumido, tudo consumado, tudo consolado, vai se acostumando... Todo mundo ocupado, todo mundo conectado vai deixando tudo pra depois, vai deixando a vida pra depois, pra depois, o amanhã pra depois... ?
Vou deixar o amanhã pra depois