Quando eu vim da roça pra cidade
Vi com alegria e felicidade
Mais na cidade tudo é diferente
Tem coisa gelada e coisa quente
Assim me deparei com o picolá
Sem saber o que é
Um moleque vinha gritando olha o picolé
Ai eu pensei, vou saber o que é
O bicho tava fumaçando
Eu pensei que era quente
Ai, taquei a desgraça no dente
E fui no céu e voltei
O danado do picolé eu soltei
E gritei, com a dor no dente
Minha gengiva fico dormente
Um matuto da roça
Na cidade faz marmota
No campo tem o mungunzá
Que serve pro almoço e pro jantar
Quando foi pra nois viajar
Õ trem não tinha nada pra nois arrumar
então pai fretou o caminhão
Ai nois pegamos o estradão
Os trem era um pote uma colher
Uma cama quebrada e calo no pé
Lá ficou a babosa
O cajueiro a escola
La fiz o abc
Da roça nunca vou esquecer
O matuto e o picolé
Uma história de sorriso e fé
Posso até vira poeta fazer verso ou cançao
Falando da roça do sertao
também da plantaçao
Tudo que a gente planta pode colhe
Vou escrever um verso pra você ler
De tanto doer comecei a vender
Porque fio de pobre so nasce pra sofrer
Comecei vender picolé da sorveteria de Anysio
Mais o bicho descongelou e eu sair de lá foi liso
Cheguei em casa pai procurou -quanto ganhou
não ganhei nada
então vai levar umas lapada
Trabalha o dia todo
E não tem um tostão no bolso
Pai zangado e eu soado empoeirado
E no bolso nem um cruzado
Nesse primeiro dia
O povo me enrolava
Troco erado eu passava
O povo dava cinquenta
E eu voltava setenta
E eu gritava picolé de coco melao e ortelã
Goiaba caju e maçã
Eu chupei mais do que vendi
Nunca mais voltei ali
Essa é a poesia do matuto e o picolé
Que até hoje não sei o que é
Por causa da sura que pai me deu
Antoi nunca mais esqueceu
Se você veio até aqui
Meu obrigado por sorrir
Deus te ilumine agora e depois
Fé pra nois dois