Viu o dia?
a barriga azul da manhã?
viu a luz que entrou e marcou a nossa cama?
sou aquele que diz que te ama
como quem apresenta um carnê
Não me olha agora, me deixa pra lá
eu não sou pra você
Viu a rua?
tanta gente andando à toa?
viu o rosto de quem não tem mais lugar?
vou aposentar meu pijama
minha palma tem linhas demais
cada vez que eu tropeço em mim
voce se rala mais
Larga minha mão
eu não presto
sou frágil, puro, bom
e detesto.