Grassiano era um homem de fibra
que veio ao mundo cassina caçada
Deixou sedo a casa dos pais pra viver a vida com a peonada
Aprendeu a laçar com destreza
E ser mestre nas invernadas
O que andam pegando a unha
Grassiano era mesmo uma grande parada.
Mas um dia a sorte lhe sorrio
O cupido o seu peito ferio casou com uma loira de vida bastada
Essa sorte que veio da cina Era o que faltava pra ele subir
Sua esposa era única filha de um Fazendeiro criador de Gil.
Herdo cedo a herança do sogro
Quando desse mundo deixou de existir.
Com talento e muito trabalho
ele fez a riqueza em seis anos expandir.
Eram oito fazendas de gado
Na cidade um monte de sobrado dez lojas de chume
ele veio abrir.
Quantos compromissos na agenda
Grassiano não tinha mais tempo pra nada
Pernoitava em uma fazenda e as três da manhã
já estava na estrada.
Sua esposa muito aborrecida
Disse a ele com a voz embargada
Você não tem tempo pra nos Já estou sentindo muito mal amada
Mas tenho uma solução
Vamos comprar um avião você ganha tempo e resolve a parada.
Mesmo sendo um homem de fibra
Era supersticioso o rico peão
Disse a ela com delicadeza e sinceridade no seu coração
Eu prefiro correr todos os riscos
Que existem lá no estradão
Só me sinto um homem seguro
sentindo o calor que vem lá do chão.
Se a morte andar pelos ares
Nunca vou morrer destes males
porque eu jamais entro num avião.
Certo dia Grassiano saiu pra ver umas terras de um velho freguês
Com destino a Mato Grosso pegou a BR 163
já bem perto de Rondonópolis
Veja só o que o destino lhe fez.
Uma pane fez um teco-teco pousar no asfalto bem antes das três,
Não deu tempo de pisar no freio
Grassiano chocou bem no meio Fogo cobriu e peão se desfez.