("Um certo dia eu andava
Em busca de inspiração
E no banco de uma praça
Me sentei com a viola na mão
Nas folhas de um caderno
Algumas frases escrevi
Os versos não davam rimas
De repente eu percebi
Que passava em minha frente
Cabisbaixo um velhinho
Que disfarçava a tristeza
Mas conversava sozinho
Eu então me aproximei
E com mansa perguntei
O por quê de sua tristeza, ele disse
Moço eu sou o caboclo
Que matou a linda cabocla Tereza")
Seu moço, pegue a caneta
Escreva minha história
Eu vou contar em detalhes
Tá claro em minha memória
Eu já fui feliz, tive tudo
Um rancho, um sítio e um lar
A minha cabocla era bela
Eu sempre sonho com ela
E peço pra me perdoar
Um ano vivemos felizes
Juntinhos, quanta saudade
Jamais pensei que eu fosse
Capaz de tanta maldade
Por muito tempo fiquei
Distante do meu lugar
Ao meu sertão regressei
Mas moço, eu não pude ficar
Meu sítio está abandonado
O meu ranchinho é tapera
Subi de novo a montanha
Naquela casinha estranha
Em todo o lugar vejo ela
Saí vagando sem rumo
Sem ter razão pra viver
Em busca do nada eu chamo
Tereza, cadê você?
Seu moço, eu sei que errei
O ciúme me deixou cego
Tomado de ódio matei
Eu fui covarde e não nego
Trancado naquela prisão
Paguei caro o meu amor
E hoje eu não vivo, eu vegeto
Não tenho lar, nem um teto
Minha alma é um martírio de dor
Eu sei que estou livre das grades
Mas me sinto preso aqui
Pois quando a Tereza eu matei
Seu moço, eu também morri