Doeu tanto
Já passei tudo que é pomada
Tudo que é remédio
Eu tomei chorando
Pro seu espanto
Eu consegui uma vaga
Na entrada do sobrado
Da estrada que me acolheu
Por engano
Falta pouco
E eu não quero deixar passar
Não falta esforço
E eu me forço a continuar
E a cortina do meu quarto
Não fecha inteira e eu acordo
Quando nasce o sol e eu precisava
Dessas horas de sono que vão fazer falta
E no espaço cinza, folhas em branco
Café gelado, palavras rasas
E a cicatriz fica vermelha
E eu sei que esse é o meu menor problema
Não é a dor física que me condena
Torci o pano e limpei todo o chão da casa
Que tinha pegadas de pessoas interesseiras
E indesejadas sem nome
É a última vez
E eu sei que é a trigésima quarta vez
Que eu digo que é a última vez
Mas é verdade dessa vez
Vou parar com esse pensamento insano
E buscar ter pensamentos normais
Igual pessoas normais têm e estão bem
Se elas conseguem talvez eu consiga também
E no espaço cinza folhas queimando
Café no chão e ofensas grandes
E a cicatriz fica vermelha
E eu sei que esse é meu menor problema
Talvez se eu cobrir o rosto
Acabe o meu dilema