RUGAS DE UM CABURÉ
Esse moço, que é filho
Dos cantos das aldeias,
Dos pontos dos terreiros,
Dos fados de além-mar.
Esse moço, que bebeu
Do bom café
Com o doce da cana
Em cuié de outro
Traz na algibeira
Nenhum conto réis,
Só uma oração
A um santo qualquer.
Leva no embornal
Um punhado de sal
E fé
Que não míngua jamais.
Carrega duas moringas,
Uma de pinga
E outra de choro
De menino novo.
E sobre os ombros
Uma cruz,
Não sei se vera,
Ou mera utopia.
Traz no olhar uma tristeza
Viçosa,
Sustentada por rugas
Na pele de um caburé.