Vivendo a vida doente mas com a boca fechada
Me torno tão exigente, resistente pra nada
Mulher ou pasta de dente também me faltam em casa
Com a cabeça na frente, mas na vanguarda de nada
Não vou ficar pra semente, nem fazer revoada
Piloto da própria mente, só com a barriga forrada
E o frio que me arrebenta, não pode ser tão demente
Pra me fazer sentir gente, mesmo sem servir pra nada
Só pela alma indigente, que eu me presto e procuro
Pra chegar bem lá no fundo, desse buraco de mundo
Enquanto eu deito e rolo, me sinto sempre um escravo
Me sento bem e comparo, o teu latente descaso
A minha crença tá suja, o meu balaio tá gasto
O próprio bolso tá russo, o coração tá opaco
O pé tá mais que birolho, a mão não segura a ponta
O olho já tá caduco e por aqui eu me paro