Avenida de jardas
Que se move tão lerda
Com seu cheiro de merda
Seu zunido retarda
E essa gente de farda
Se fazendo de surda
Ignorando as perdas
E ficando mais gordas
Tempo urge
Eis que surge
E me atinge um mata-borrão
E o povo se queixa
Olha a deixa!
Não deixa passar o refrão
Pra não cantar sozinho a canção
Pra não confessar solitário a paixão
Avenida maldosa
De estrutura retesa
Sentimento em represa
Na fachada informosa
Escassez luminosa
Brilhantismo de alteza
Mas na hora da mesa
A escuridão é tenebrosa
Tempo voa que voa
E revoa
Mais um gavião
Se põe na surdina
Fazendo rapina pro meu coração
Implacável, covarde perseguição
Pra onde me leva essa única mão?