Aqui o cidadão
Reza para não
Ver seu filho no caixão
Quando recebe o salário
Se acha um palhaço
Então para que carteira de trabalho
E depois de velho
Jogado fora
Seu filho se revolta
Vira bandido
Para morrer num presídio
Jogado no caminhão de lixo
Como se fosse um bicho
Assim as gerações
Vão crescendo e apredendo
A marginalidade
E vira uma boca sua lage
Policial entra atirando
Se acha que tá errado
Bala saindo do cano da escopeta
É treta
Dois tiros no peito
Dois na cabeça
Ainda bem que a morte é lenta
É sepultura
E mais umas 50 vão se abrindo
E as mães desesperadas
-Por favor meu Deus me mata
-Para viver com ele lá no paraíso
Seu filho era inocente
Mas não pensaram e atiraram
E acabram com uma vida
Que poderia ter saído bonita
Esse é o trabalho da policia
Que vive, da nossa carniça
Mijam em nossos corpos
Esse é o cotidiano da favela