ô asfalto que palco relato ingrato buraco no canto
lixão
que faz do campinho, golzinho, carrinho, descendo
zuando na contra-mão
Descendo a ladeira fazendo zoeira criando os caminhos
da contradição
Vivendo de modo errado aos olhos de qualquer
civilização
Ô asfalto que é casa pra muita família, criança e
algum cidadão
Mercado que é clandestinado vendido barato produto de
importação
Que e onde terminam as obras do asfalto começa o
discurso
Que alimenta a esperança do povo sofrido que cala o
soluço
O asfalto tá vindo sossega minha nega, não vai demorar
muito
Se a gente correr pra votar naquele moço, que me
prometeu e me engana não!
Ô asfalto buraco bueiro aberto esquecido depois da
eleição
que faz do campinho, golzinho, carrinho, descendo
zuando na contra-mão
Ô asfalto que é palco de passeatas retrato de todo
tipo de manifestação
Que me leva da margem ao centro, do centro a margem ou
para qualquer invasão