Já não cabe no poema o preço da corrupção
Que a cada dia assola nosso país
Já não cabe no poema tanta decepção
Na eleição que pega os bandidos daqui
Já não cabe no poema toda a população
Que não pensa no outro, mas só pensa em si
Já não cabe no poema o preço da situação
Que torna o povo brasileiro mais infeliz
O preço do feijão, já não cabe no poema
O preço do arroz, já não cabe no poema
Viva Gullar, viva Gullar
Já não cabe no poema tanta ignorância
De nossas crianças que não sabem ler
Já não cabe no poema o preço dessa matança
De nossa Amazônia que clama pra viver
Já não cabe no poema o preço da gasolina
Que sobe em cada esquina e de posto em posto
Já não cabe no poema a droga que alucina
E arremessa os sonhos no fundo do poço
O preço do feijão, já não cabe no poema
O preço do arroz, já não cabe no poema
Viva Gullar, viva Gullar
Já não cabe no poema o preço do imposto
Que sobe na passada de segundo a segundo
Já não cabe no poema tanto desgosto
De ver a mulher sofrendo tanto abuso
Já não cabe no poema tanta violência
No trânsito na esquina e no meio da rua
Já não cabe no poema tanta carência
De tanta criança no meio da rua
O preço do feijão, já não cabe no poema
O preço do arroz, já não cabe no poema
Viva Gullar, viva Gullar