No dia que eu me casei
Foi um bafafá danado
Casei na delegacia
Lá do nosso povoado
O juiz que me atendeu
É um famoso delegado
E o padre com a cerimonia
Foi um bando de soldado
Meu sogro foi testemunha
Com o revólver carragado
Se acaso eu dissesse não ele tinha me matado
Solo
O casamento forçado
Muitas vezes não é ruim
Eu vivia pelo mundo
Hoje vivo num jardim
Sei que eu não quis casar
Mais eles quiseram assim
Durmo no colchão de molas
Já não durmo no capim
Brigo muito com a mulher
Mais nas brigas vou dar fim
O dia que eu bato nela meus cunhados bate em mim
Solo
Trabalhar eu não trabalho
Não dou bola pra ninguém
Sustentar filha dos outros
Eu acho que não convém
Gosto de viver encostado
Sempre nas costas de alguém
Vida boa igual a minha
Não é qualquer um que tem
Lá na casa do meu sogro
Vou vivendo muito bem
Ele trata da mulher
E trata de mim também
Solo
Canto moda de viola
Para não ouvir fuxíco
O velho até suspira
Dos pontiados que eu repico
O velho que era pão duro
Já deixou de ser ridico
Viver as custas dos outros
Eu levo a vida de rico
Fome eu não passo mesmo
Sem dinheiro eu não fico
Pra viver sem trabalhar
Precisa ser bom de bico