Chegou num mouro a “despacito”, sem casco ou crina aparada
Semblante de madrugadas, em cada ruga do rosto
Vieram janeiros e agostos, na barba branca judiada
Das ressolanas e geadas, que o tempo impõem ao seu gosto
Pediu licença sentou, num cepo perto do fogo
Falou do velho, do novo, de paz e revolução
Deixou notas pelo campo, pro vento semeador
Levar milongas aos ranchos, nas várzeas e corredor
O borbonear do violão, milongueou por noite afora
Sobrou um tinir de esporas, e alguém na escuridão
O bordonear do violão, calou no cantar do galo
Que acorda o povo em regalo, na rádio com um milongão
O pala velho encarnado, trazia flores e espinhos
E resguícios dos caminhos, que alumbrou nas cruzadas
Na bombacha desbotada, a poeira de um estradeiro
E histórias de gerações, nos seus dedos guitarreiros
As tábuas são testemunhas, no galpão que assucedeu
Onde o velho apareceu, pra uma noite milongueira
Os vestígios na porteira, no moirão se fez legado
Pra um acorde talhado, num taipão de costaneiras
O bordonear do violão, milongueou por noite afora
Sobrou um tinir de esporas, e alguém na escuridão
O bordonear do violão, calou no cantar do galo
Que acorda o povo em regalo, na rádio com um milongão