Como em quase todas as cidades
Há uma avenida onde passa o gado
Em minha terra também existia
Uma avenida sobre o meu passado
E foram tantas tardes de sol claro
Tantas e tantas nuvens de poeira
Que esta avenida hoje traz meu nome
Depois de ser estrada boiadeira
Velha avenida
Onde deixei
Rastro de infância que virou saudade
E hoje existe
Em cada esquina
Meu nome escrito para a eternidade
Foi a boiada longa do meu tempo
A passos lentos em silêncio andando
Meu coração o velho boiadeiro
Sabe que chega mas não sabe quando
Talvez quando as paineiras tenham
Aberto suas flores perfumadas
Igual um dia a paineira velha
Sua sombra serviu pra descansar boiadas
Se a dor se escreve em lápide de pedra
Hoje encontrei em placas reluzentes
Meu nome escrito a brilhar porque
Esta homenagem recebi contente
Foram quarenta anos de trabalho
Que felizmente estão reconhecidos
Quando meus versos para os céus voarem
E em minha terra alguém os tenha lido