[Verso 1: Stefanie]
Ele vem comendo sua mente na pressão psicológica
Na relação te deprecia e isso não tem lógica
E você acredita em cada palavra dita
Perdendo sua identidade, de si já desacredita
Não é mais a mesma fita mas não consegue enxergar
Do jeito que tá não dá, a que ponto cê vai chegar
Até quando vai aceitar
vai acatar o que ele impõe, ele não propõe
Sem direitos, mas aqui a gente se opõe
Capaz de te fazer sentir errada, manipulador
Se soubesse que era cilada fugia da dor
Pra mim isso não é amor
quem ama não põe medo, aponta o dedo
Com vergonha você guarda seus segredos
Quem devia te acolher, te dar abrigo, ser amigo
Embaixo do mesmo teto, vivendo com o inimigo
Tá correndo perigo sem coragem de renunciar
Esse som é pra anunciar, gaslighting é a denúncia
[Verso 2: Tássia Reis]
Querem saber quanto eu peso
Querem saber quanto eu meço
Eu não quero nem saber (foda-se)
Digo isso nos meus versos (vai)
Minha sina é manifesto, pelas mina
Meu protesto, minha rima
O padrão te contamina
Eu tô no Rap ou no Miss Universo?
Decida, ou eu ou minha autoestima
Qual das duas vai querer fuder?
Me engana e ainda me subestima
Mas a decisão não virá de você
Foi o estopim, sua mão sem sim
Pegando em mim
Na maldade
Não tem que ser assim
Mas se eu for dar um fim
Não respondo por mim
Da minha parte!
Cês tem mania de propriedade
Manter-se intacto é prioridade
Parece um pacto de integridade
Garantir ser macho de verdade
O estado da veracidade
Apoia merdas e atrocidades
Se tu enxerga a realidade
E não faz nada
Cê é um grande covarde
[Verso 3: Drik Barbosa]
Todas temos feridas que pomadas não curam
Nem médicos, estratégicos
Perfuram
No íntimo
Sentimos que somos fraturas
Nos causam dor os assédios
Censuram
Os nossos passos
São monitorados como BB
Não importa qual seu DD
Assusta
Quantas delas morrem nos abortos
A culpa
Do estupro vai pra roupa que cê usa
Em ditadura de beleza, dita a dura realidade
Nascer mulher certeza que vão te chamar de louca
Tenta calar sua boca, beijar sua boca a força
Questionam nossa força, nos oprimem com força
São vários danos, vários
Boicotam nossos planos
Diferem os salários
Põe debaixo dos panos
Nos querem maleáveis e influenciáveis
Fracas e tão sensíveis
Brinquedo pros covardes
Basta desses Zé Mayer
Cês mexeram com todas
Meu trampo tá nos flyer
Meu din, minha responsa
Quero os dólar na conta
Foda-se os faz de conta
Não sou princesa, sou leoa e pra caçar tô pronta
Querem levantar voz
Mas noiz levanta mais
Não sirvo só pra aquecer os seus lençóis, vaza
Querem levantar voz
Mas noiz levanta mais
Tamo no fronte, somos fonte, revolucionárias
[Verso 4: Alt Niss]
Se manipula, domina
Não passará
Quem bota a mão e se aproveita
Não passará
Opressor só na lábia não prosperará
Quer se crescer, cê não é nada e nunca será!
Não que eu jogue mandinga ou energia
Nem faço simpatia e cês merecia
Mas cavam suas próprias covas e afasta os guia
Cê tá cheio de ódio do poder das mina
Se achou que eu ia pedir sua ajuda (não, não)
Se achou que não seguraria a bronca
Que acreditei que ainda foi minha culpa
Mas eu sou só minha, não, nunca fui sua
Levei muito tempo
Pra entender que não era amor
Só me sabotou, só se apoiou
Cê só me sugou
Descobriu que eu sou grande agora? (ahn?)
Alt Niss tá brilhando agora? (não!)
Cê tava olhando pro umbigo
enquanto eu fazia a bomba pra fuder o mundo dos cara
[Verso 5: Tatiana Bispo]
Fica calmo, respira
Isso deve estar demais pra você, né?
Vou cantar bem mansinho pra ver
se o machinho aí consegue entender
Não estamos dispostas a recuar
não tem nada que nos enfraqueça
Nem adianta chamar os amiguinhos pa te dar ibope
Não abaixo a cabeça
Se cai uma no chão, tem mais seis bem do lado
para dar contenção
Quero ver ser o valente otário
que para uma mulher vai levantar a mão
A gente pode chorar, dor transborda do coração
Imagina estar sendo humilhada por ele
que teve sua dedicação
Tristeza clara no olhar, dor transborda do coração
Imagina estar sendo o melhor de você
e em troca ter humilhação
Mas a dor vai cessar e a ferida um dia vai cicatrizar
Juntas estamos mais fortes nos dando suporte
vai ser ruim segurar
A gente se cuida, não estamos sozinhas
Dá tchau p sua paz, a gente quer mais
Respeite as guerreiras rainhas tu
A gente se cuida, não estamos sozinhas
Dá tchau p sua paz, a gente quer mais
Respeite as guerreiras rainhas
[Verso 6: Karol de Souza]
Eu me sinto insegura, meu comportamento muda
Olha só que loucura, eu vivo com medo
Sociedade injusta, essa cidade me assusta
Mas sou do tipo que luta, eu cansei de ter medo
Eu me lembro da Cláudia arrastada na rua, de
Porcos na viatura e flores na sepultura
Sinto ódio por dentro, trago conhecimento
Sou empoderamento, eu mantenho a postura
Eu me lembro de várias, que vocês esqueceram, é
Noiz no fio da navalha, desde o navio negreiro, mas
Minha voz não se cala, e pro seu desespero
Eu tô afiando a navalha, eu já nem sei o que é medo!
Eu já nem sei o que é medo
[Saída: Djamila Ribeiro]
Romper silêncios é o primeiro passo para a cura
Quanto tempo você não escuta o som da própria voz?
Por medo de incomodar, a gente cala as justiças
Mas dá pra promover mudanças no conforto?
Assumimos, então, que trazemos narrativas de incômodo
Queremos que nossas palavras
cortem como navalha a sua indiferença
Deixe a sua consciência intranquila
cause conflitos e tempestades
Eparrei!
Desconforto é incômodo necessário
O som das nossas rimas vai perturbar o teu sono
Desestabilizar a sua calma
E ao mesmo tempo mostrar a nós a força da quebra
A felicidade de se autodefinir
Sim, vou olhar para mim
E desta vez vou gostar do que eu vejo
E direi para mim o quanto eu sou incrível
Vou falar, gritar e me emocionar
quando enxergar Dandara em mim
E essa voz vai ser coletiva
vai ultrapassar fronteiras, tirar a venda dos meus olhos
Conceição Evaristo um dia disse
"Nossa voz estilhaça a máscara do silêncio"
Então fale, destranque, deságue
Dá medo, eu sei, mas fale
Às vezes a gente acha que o muro é muito alto
Mas pule, garota
Você não vai nem arranhar os joelhos