Já domei tantos cavalos,
E os cuidei tal qual filhos,
P´ra cuidarem tropas largas
Sob o perfil dos lombilhos.
E ao cuidar dos meus amores,
Um só que cuidou de mim,
E um dia fugiu do tempo
Que habitava meu jardim.
Já não me cuido como antes,
Não tenho para quem cuidar-me,
Eu já cuidei estes campos,
Já rondei estas paragens,
Olhos abertos pra o sono,
Boca fechada pra fome.
Sempre cuidei meus assombros
Que a Alma estira em seus sonhos,
Fantasmas remanescentes
De algum momento tristonho.
Só vou cuidar meus poemas,
Que um dia falarão por mim,
Expressão dos meus secretos,
Quando a vida tiver fim.