Uma vez fui num bar pra comprar um maço de cigarros
Eu pedi prum rapaz que tava em pé perto do caixa
Ele olhou esquisito pra mim e aí percebi que não era atendente
Era só um cliente com sua esposa do lado
Eu já tô acostumado a passar vergonha
Quer rir da minha cara, eu falo disponha
Material não falta, minha vida é a nata
A humilhação na minha existência é inata
Quando eu era criança tomei uma queda
No banco da igreja na frente da mina
Que eu era a fim, minha vida é assim
Quando eu olhei ela ria de mim
A vergonha nos lembra do que
Melhoramos ao longo do nosso viver
É o preço de amadurecer
Ninguém cresce e floresce sem antes sofrer
Outra vez eu tava cortejando a mina
Apaixonado mas ainda tava dando em cima
Segurei a mão dela, tava nervoso demais
Quis atravessar a rua, mas acabou não fui capaz
Era como se eu tivesse cego quando comecei a me mover
E o que aconteceu depois eu nunca mais vou esquecer
Tinha um veículo parado na nossa frente e eu bati nele que nem um abestalhado
Essa foi a primeira vez que um carro foi atropelado
O mais triste é que essas histórias são reais, são fatos da minha vida
Como aquela vez na calourada em que eu precisei pagar uma prenda
E dançar na frente de geral, só que eu não sei dançar nada
Parecia um pirata com Mal de Parkinson tendo uma convulsão
A vergonha nos conta do que
Aprendemos ao longo do nosso viver
É o preço de amadurecer
Ninguém cresce e floresce sem antes sofrer