Eu já consertei relógio
A meia noite no fundo d’água
Sem levantar o tapete
Com muita classe tirei o taco
Eu já ganhei uma guerra
Sem dar um tiro e não é mentira
Já fui no fundo da terra
E voltei de lá sem fazer buraco...
Caminhei por baixo d’água
Igual um peixe e não sei nadar
Caminho que ninguém passa
Passo correndo e não empaco
Já fiz a barba do leão
Sem usar sabão e sem a navalha
Com a jamanta correndo
Troco pneu sem usar macaco...
Quem tem confiança no peito
Canta em qualquer altura
Quem tem confiança no braço
Não põe arma na cintura
Quem tem confiança na esposa
Nunca trás ela segura
Quem não tem confiança em Deus
É doente que não tem cura...
Quem tem confiança na terra
Não põe adubo na planta
Quem tem confiança no galo
Não perde a hora e levanta
O despertador da roça
É o galo quando canta
Riqueza do cantador
Tá no peito e na garganta...
A beleza do poeta está dentro da cachola
Beleza do repentista
É quando canta e não enrola
A beleza do catira
É quando a botina descola
A beleza do violeiro é o ponteio da viola...
A beleza do terreiro é o canto das angolas
Beleza do Sabiá é cantar fora da gaiola
A beleza do arreio está no brilho das argolas
Beleza do laçador é quando o laço desenrola...
A beleza do banquete é quanto a fartura rola
Beleza da sociedade está no fraque e na cartola
A beleza da Tourada é o olé das espanholas
A beleza da mulher é quando veste a camisola...