Carro velho
Ao te ver aí parado
Com o teu cocão rachado
Pelo tempo que passou
Tu és o quadro
Retratando meu passado
Estou velho já cansado
Minha força se acabou
Me alegro
Vendo o progresso avançado
Caminhão muito pesado
Pisando no mesmo chão
Belo amigo
Carro de boi companheiro
Tu és o pioneiro
Do comércio da nação
Vejo estrada
Hoje toda asfaltada
Na subida do cerrado
Fizeram escavação
E o transporte
Que fazia todo dia
Com a tecnologia
Hoje faz de caminhão
Seu forte eixo
De madeira que gemia
Quando pesado subia
A curva do chapadão
Quando te olho
A saudade como dói
Tu és o grande herói
Que cruzou este sertão
Sem minha força
Voltasse novamente
Igual era antigamente
Mas o passado se foi
Ainda queria
Reconstruir aqui no carro
E partir para o cerrado
Com uma junta de boi
Esse tempo
Eu sei que não volta mais
Esquecer não sou capaz
Como dói meu coração
Quando adormeço
Contigo vivo sonhando
Com a boiada gritando
Relembrando a missão