José Vicente Raimundo
O filho único herdeiro
Cresceu que nem vagabundo
Cretino e bagunceiro
O pai só lhe deu dinheiro
Dinheiro e nada mais
Por fim ficou desordeiro
Pior que o satanás
Cruel terrível bandido
Causando ódio profundo
Até ganhar o apelido
De vulgo Zé Vira-Mundo
Falou em Zé Vira-Mundo
O povo entristecia
Porque a cada segundo
Era mais um que morria
Na mira não tinha erro
E dava tiro sem medo
Fazia mais um enterro
Num simples relar de dedo
Mandava que o coveiro
Abrisse dez sepulturas
Puxando o dedo ligeiro
Matava dez criaturas
Zé Vira-Mundo matava
O homem era um terror
A vila inteira rezava
E a reza teve valor
Um dia Zé Vira-Mundo
Em frente à igreja parou
Ia matar uma jovem
Mas seu revólver falhou
E a moça num gesto lindo
Lhe ofereceu uma flor
José chorando e sorrindo
Sentiu a força do amor
("Esses moços narraram minha história
História de um passado que nem gosto de lembrar
Mas uma flor mudou a minha sorte
Vai em minha casa agora
Bem na frente da varanda há uma rede
Meu revólver pendurado na parede para servir de lição
Peço a Deus perdoar o meu passado
Quero ser um homem honrado
Tenho meu lar, minha esposa, meus filhinhos
Muito amor e carinho e tornei-me um senhor
Mais uma vez ficou provado
Que a maior força do mundo é o amor")