Minha vida é canoa no mar, vagando nessas águas sem fim
Eu, pescador, teimo em navegar nesse mar que há dentro de mim
Vê lá eu só quero andar
Por cima de um mar de roça
Que um dia ei de plantar
Quando o barco sente dá, pescador sente que é
A maré que sorria pra nós, era nós que sorria maré
Quando o barco sente que há o açoite da água no casco
O vento que "inté repiava" os cabelos contornos do braço
Quando a coisa que eu mais tinha medo tava perto de realizar
Era tarde demais pra correr, era cedo demais pra ficar
Era monstro ancestral que cobria, era areia que forma tomava
Era fome que a seca trazia, era seca que a fome ninava
Vê lá eu só quero andar
Por cima de um mar de roça
Que um dia ei de plantar
Eu cruzo tempestades no mar, afogando nas águas meus ais
Eu, pescador, teimo em navegar, procurando a calma de um cais
Vê lá eu só quero andar
Por cima de um mar de roça
Que um dia ei de plantar