A Minha cordeona, chorona me disse,
Que nada seria do jeito que é,
Se o vento silvasse sempre um chamamé
E algum sapucay de longe se ouvisse
Porque ela imagina, ser chamameceiro,
O que se levanta junto a um redemoinho
A seiva da terra rebusca um carinho
E a gente do nada se torna gaitero
A minha cordeona, por dona da ânsia
De ter ventanias nas suas entranhas
É como se fosse, escrava das manhas,
Que se manifestam buscando distâncias
Quem sabe uma brisa, por dentro lhe seja
Suspiros macios, de algum sentimento
Talvez chamamé, idioma do vento
Que sopra no oitão e na quincha forceja
A minha cordeona, que entona floreios,
Requinta o gracioso bailado da linda
Que deixa no ar a fragrância bem vinda
Por onde flutuam compassos de anseios
Assim chamamé, o que a gaita sustenta
Quando pelos dedos, se escapam sonidos
E o que vem da alma, não será perdido
Mesmo que do fole, levantem tormentas